domingo, 17 de abril de 2011

Exposição de Pintura Vidas Negras - Mário Rocha no IPVC


Na Oficina Cultural do IPVC está patente até ao fim do mês de Abril mais uma exposição de Mário Rocha. Artista sempre atento ao que o rodeia, pinta em tons escuros os dramas negros dos sem abrigo que todos nós, olhando para o lado, fazemos por não ver. 
Esta Primavera que tão bonita vai, disfarça as núvens negras da situação económica que vamos vivendo mas agrava as perspectivas de vida daqueles que o destino atirou para a marginalidade.
Sou suspeito por ser teu amigo e faltam-me as palavras para expressar o que fazes e por isso reproduzo o que outro teu amigo escreveu sobre a tua obra...













domingo, 10 de abril de 2011

Linha do Tua

Face ao recente anúncio de construção da Barragem da Foz do Tua, para memória futura quisemos ir conhecer o local, fazendo um percurso pelo início da Linha do Tua na zona que irá ficar submersa pelo projecto. 
Reproduzimos de seguida uma fotografia pertença da EDP e que no site dedicado a esta barragem faz a ante visão da barragem e respectiva central eléctrica para contexto do que se irá ganhar e perder.


Pensamos  iniciar o percurso na estação de Brunheda, chegando lá usando o táxi que agora substitui o comboio da Estação do Tua. A viagem só se realiza depois das 13H e os 20 Km que separam Brunheda do Tua, aconselharam a que mudássemos o plano. Resolvemos fazer um ida-e-volta da Foz do Tua até às Fragas Más, local onde há uns anos houve o descarrilamento do comboio que fez parar a linha.


Chegamos à Estação do Tua por volta das 10H15, local onde se respira a nostalgia de outros tempos em que florescia o ponto de encontro da linha que do Porto seguia para Espanha por Barca de Alva (e que hoje já só vai até ao Pocinho)  e a ligação para Mirandela (Linha do Tua). Junto à Estação, antigas máquinas a vapor e carruagens "graffitadas" por quem faz disso desporto completam o sentimento de abandonado à sua sorte que ali se antevê. 
Era a hora de tomar o cafézinho para despertar os sentidos antes de iniciar o percurso e lá fomos ao Restaurante Calça Curta, local de eleição para muitos na época do sável, da lampreia ou da caça. Dois dedos de conversa simpática com o dono sobre o passado da Linha e o futuro que se avizinha com a construção da barragem e era tempo de iniciar a caminhada.
Dia a iniciar-se com uma névoa que fechava os horizontes e acinzentava as cores, mas com uma boa temperatura para andar. 
O primeiro olhar a encantar-nos foi o do Rio Douro e as suas margens, sempre deslumbrante mesmo com a névoa fechada.

Depois os primeiros metros foram de habituação ao passo ritmado em cima das "solipas" (travessas de madeira que sustentam a linha), depois foi o olhar à volta e tentar descobrir que belezas iriam ficar escondidas e para sempre enlameadas pelas águas presas pela barragem.
À frente o pormenor das duas linhas que se começam a separar: a que vem do Porto acompanhando o Rio Douro e vai para o Pocinho e a (extinta Linha do Tua) que se dirigia para Mirandela.

Um pouco mais à frente podemos admirar a restaurada ponte rodoviária, com o seu bonito arco a abraçar as margens do Rio Tua já muito perto da foz.

Pouco tempo decorrido e encontramos a ponte e o túnel das Presas. Os túneis são sempre interessantes e entusiasmantes, sempre se procura a luz ao fundo... e sempre se encontra a luz e a paisagem contrastada pelo escuro do seu interior e recortada pelo seu traço que se alarga e descobre à medida que nos aproximamos do seu fim, como um mistério que se revela e de que gostamos do desfecho.


Ao lado, o vale em "V" apertado do Rio Tua e os seus constantes "rápidos", demonstram porque foi escolhido aquele local para a edificação da barragem que será construída um pouco mais à frente ( Km 1.1 da saída da Estação da Foz do Tua).
Compreendem-se os argumentos técnicos para a construção da barragem, mas analisemos os contras...A Natureza no seu esplendor a mostrar-nos o preço a pagar...
Amendoeiras em flor presentes à data (26 de Fevereiro)
 Oliveiras  carregadas de azeitonas
 Laranjeiras carregadas de laranjas

Chegados ao local da futura barragem, paramos a contemplar o início da zona que irá ficar submersa ainda sem máquinas nem grandes alterações, pensando em reter a imagem e voltar mais tarde com a obra já realizada para comparar. Nesta zona os trilhos foram levantados e existe como que uma pequena estrada em cascalho solto que deve ter sido usada pelas máquinas que realizaram os estudos de localização. Para quem caminha, este piso aumenta muito o grau de dificuldade que em todo o resto é fácil.


Pormenor da sondagem para amarração da futura barragem.

Uns metros a frente, olhando para trás, contempla-se a paisagem que irá ficar escondida pela parede de betão que vai ser edificada.

E continuamos pelas curvas da linha que acompanham a meia encosta as curvas do rio.

Continuando, o Sol descobriu tornando tudo mais alegre



Chegados à estação de Tralhariz, aproveitamos para comer a dieta do costume que o Calça Curta tinha ficado como promessa 5 Km para trás.

Continuando, é a beleza da paisagem da zona que vai ficar submersa que nos encanta a cada passo.


 Mais um túnel


E o encanto de quem espreita do seu interior... ( crédito das fotos seguintes para o sobrinho Miguel)

 
 Fragas Más


 Ponte e túnel das Fragas Más


 Rápidos

Depois regressamos à Estação do Tua pelo mesmo caminho, tentando guardar ao máximo na nossa retina as imagens destes locais que daqui a uns anos ( 2015) ficarão debaixo de água, sacrificadas para permitir produzir a energia que tantas vezes desperdiçamos deixando as luzes acesas sem necessidade e as televisões sem ninguém estar a ver...





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